terça-feira, 21 de julho de 2009

CINEMETÔ CINECLUBE APRESENTA:

CINEMETÔ CINECLUBE APRESENTA:

Patativa do Assaré: Ave Poesia eVerequete: O Rei dos Tambores
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"Eu sou de uma terra que o povo padeceMas não esmorece e procura vencer.Da terra querida, que a linda caboclaDe riso na boca zomba no sofrerNão nego meu sangue, não nego meu nomeOlho para a fome, pergunto o que há?Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,Sou cabra da Peste, sou do Ceará."
- Patativa do Assaré
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Sexta-Feira, 24 de Julho de 2009 às 20h00min
Campus Rudge Ramos, Edifício Delta, Sala D-412
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*após a exibição do filme discutiremos questões relacionadas ao cineclube da metodista e aos filmes.


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Patativa do Assaré: Ave Poesia


O filme aborda a vida e a obra do poeta Patativa do Assaré, destacando a relevância dos seus poemas, o significado político dos seus atos e a sua imensa contribuição à cultura brasileira. Dono de um ritmo poético de musicalidade única, mestre maior da arte da versificação e com um vocabulário que vai do dialeto da lingua nordestina aos clássicos da lingua portuguesa, Patativa do Assaré é a síntese do saber popular versus saber erudito.


Verequete: O Rei dos Tambores

Chama Verquete é um documentário poético sobre o vodun da música paraense, Mestre Verequete, que fo uscar seu nome artístico no fundo dos terreiros do Tambor de Mina, um dos locais onde se materializa o sincretismo afro-caboclo-indígena, matriz da cultura amazônica. Chama verequete é um filme conduzido pelas histórias e canções do Mestre, intercalado por intervenções ficionais que documentam a luta do carimbó contra o preconceito e a discriminação, até sua vitória final, com o reconhecimento público de sau condição de ritmo raiz do Pará.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Poesia: Manuel Bandeira

Poética


Estou farto do lirismo comedido
do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
[protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
[o cunho vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar
[com cem modelos de cartas e as diferentes
[maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pugente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare

-Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Pedrada: Lee Perry, Vin Gordon & The Upsetters


  1. Coco Macca

  2. Fly Away

  3. The Message

  4. Licky Licky

  5. Labbrish

  6. Quinge Up

  7. Raw Chaw

  8. 5 Cardiff Crescent

  9. Four Of A Kind

  10. Voodoo Man

  11. Nah Go Run

  12. Mek It Soon

  13. Bredda's Dub

  14. Matches Lane Affair

  15. A Wise Dub

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Poesia: Manuel Bandeira

Poema do Beco
Que importa a paisagem, a glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco.

Manuel Bandeira

Poesia: Caio Fernando Abreu

Talvez um voltasse, talvez o outro fosse.

Talvez um viajasse, talvez outro fugisse.

Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos,

dominicais, cristais e contas por sedex

(...)

talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não.

Talvez algum partisse, outro ficasse.

Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego.

Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos,

talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro,

ou viajassem junto para Paris

(...)

talvez um se matasse, o outro negativasse.

Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida,

quem sabe.

Talvez tudo, talvez nada...

talvez....


Caio Fernando Abreu